sábado, 7 de março de 2009

Novas Cartas de Paris

 

Entre o anjo que olha para trás (de Paul Klee lido por Benjamin) e a coruja que vem pelo fim do dia (de Hegel), a relação com o futuro parece não poder ser feita de frente, assim de costas voltadas para o dia, de costas voltadas para o amanhecer. Talvez porque essencialmente não sabemos se estaremos cá para presenciá-lo e se estivermos muito provavelmente não conseguiremos sentir a água do mar a tocar-nos na pele como se nunca tivéssemos antes dado um mergulho.



O último volume de Em busca do Tempo Perdido de Proust, O Tempo Reencontrado, parece descrever aquele salto no escuro a que antes chamei de “experiência radicalmente nova”, experiência ditada pela Primeira Guerra Mundial em que toda a sociedade francesa, suas convenções e hierarquias, mostradas nos volumes anteriores, caem como castelos de cartas. Também nos mesmos anos Thomas Mann em A Montanha Mágica depois de narrar aquela luta de intelectuais que ainda defendiam a honra numa planície de pistolas na mão, dissolve aquele mundo das Ideias, que seria o sanatório em Davos, com a chegada da Primeira Guerra Mundial.


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